Uma das minhas companheiras de jornada – daquelas que sabem o que custa cá andar, que sabem que a auto-estima não é um órgão com que se nasce, mas antes, tem de ser fornecida em altura devida ou depois temos de a adquirir sabe Deus onde (raios partam esta m…. toda), daquelas que sabem o difícil que é ter consciência disso, mas ainda assim não desistem - resolveu, num rasgo de coragem do tipo “
todos a tomar por culo, que eu sou mais eu”, inscrever-se num Workshop intitulado “Técnicas de representação para TV”.
Ora, como toda a gente sabe (ou não, não interessa), uma pessoa com fraca auto-estima tem (é provável) problemas com a sua imagem. A minha amiga é dessas. E como se isso não bastasse, de há uns tempos a esta parte, até engordou uns quilitos...
Para espanto das almas mais cépticas, o Workshop correu que foi uma maravilha, uma beleza, mesmo. A minha amiga confirmou os seus dotes de representação, divertiu-se, orgulhou-se de si própria e, pasmem-se, até não desgostou nada da imagem que lhe foi devolvida por aquele aparelho que torna as pessoas uma aberração (aos seus próprios olhos, claro), realça as olheiras (caso não tenham uma camada de base suficiente para fazer prisioneiro qualquer insecto que por lá pouse) e nos deforma a voz (
eu falo assim???!!!)!
No último dia do dito Workshop, já a sua auto-estima tinha ultrapassado o menos zero o que, por si só, era suficiente para descer a rua de cabeça erguida, nariz empinado e com uma ligeira sensação de que
não tarda nada vou ser uma estrela… Nesse preciso momento, uma colega – com quem até contracenou e a bem da verdade não tinha lá muito jeito para a coisa – chamou-a.
É agora (pensou ela)
que esta me vem dizer que estive muito bem, que teve pena de não ter tido um desempenho tão bom como o meu, vai perguntar-me onde é que eu aprendi a representar...coitada!
- Olá, vais para o metro?
- Vou.
- Posso fazer-te companhia?
- Claro… (
ai que canseira! Pensou a minha amiga. Mas para não ser apanhada desprevenida começou logo a articular outros pensamentos género
não, mas tu também não estiveste mal, ou
mas eu já faço teatro e isso também ajuda, ou ainda
claro que ligo e dou os contactos dos cursos que fiz).
- Posso fazer-te uma pergunta? (adiantou-se sem demora a outra rapariga)
– Sim… podes (
Pronto, já cá faltava…)…
- Já ouviste falar na Herbalife?
gata_extra_ordinária